
A Desembargadora-Presidente, Dra. Herminegilda Leite Machado, iniciou os trabalhos
saudando os presentes e dando-lhes boas-vindas. Ressaltou que a audiência foi realizada
no mês dedicado à promoção do trabalho seguro e reforçou a necessidade de construção
de uma sociedade mais justa, o que passa pelo combate ao trabalho análogo à escravidão.
Destacou que nossa sociedade ainda é profundamente desigual e que o trabalhador tem
dignidade e precisa ser respeitado.
Na sequência, o Presidente do Sinduscon-JP, Ozaes Mangueira Filho, discorreu sobre a
importância da segurança e saúde nos canteiros de obra, enfatizando o dinamismo do setor
e se colocando à disposição para promover melhores condições de trabalho. Declarou sua
surpresa ao descobrir que ainda há registros de trabalho escravo em João Pessoa e
manifestou a necessidade de esclarecimentos sobre o tema.
O Senhor Francisco Demontiê demonstrou consternação ao compreender que a valorização
do ser humano ainda é falha em João Pessoa. Reforçou que o combate ao trabalho escravo
deve ser um compromisso coletivo e alertou para a insuficiência de fiscais para enfrentar
essa problemática complexa e de grande abrangência.
O Procurador Rogério Sitônio Wanderley, por sua vez, deu as boas-vindas e agradeceu a
parceria institucional. Destacou que o evento servia de alerta para um problema persistente
e a importância de reverter os índices alarmantes de trabalhadores resgatados. Enfatizou a
gravidade da situação, amparando-se em dados preocupantes. O Procurador Wanderley
afirmou que era essencial sair da audiência com o compromisso de enfrentar a questão do
trabalho análogo à escravidão e construir soluções para esse problema.
Dando sequência ao evento, foi composta a mesa dos palestrantes, iniciando com a
exposição do Magistrado George Falcão, gestor do Programa de Enfrentamento ao
Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho do Migrante. O
magistrado abordou a histórica luta contra a escravidão, ressaltando que, em 13 de
maio, comemora-se 137 anos da abolição formal, mas que, na prática, ela persiste
sob novas formas, a ponto de não haver um único dia em que uma pessoa não
tenha sido submetida a essa grave violação de direitos. Destacou a necessidade de
atuação preventiva e o alinhamento da política com a Agenda 2030 da ONU.
Apresentou dados sobre os países líderes em trabalho escravo e evidenciou a
vulnerabilidade do trabalhador nordestino, com ênfase nos últimos casos registrados
em João Pessoa e Cabedelo. Explicou a "lista suja" do trabalho escravo,
mencionando os impactos negativos para os empregadores nela incluídos. Encerrou
sua fala com a reflexão do sociólogo Orlando Patterson, definindo a escravidão
como uma "espécie de morte social".
Na sequência, o Auditor Fiscal do Trabalho, Jefferson Toledo, abordou a relevância da
promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis, detalhando os mecanismos de
fiscalização. Explicou a Portaria nº 671 do Ministério do Trabalho, que estabelece critérios
para a caracterização do trabalho análogo à escravidão. Reforçou que a Paraíba é,
historicamente, exportadora de mão de obra submetida a essas condições e alertou para a
transição preocupante do estado para um centro de exploração de trabalhadores, reflexo do
crescimento econômico e da demanda por mão de obra. Apresentou dados sobre