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Abril Indígena: TRT-13 abre as portas para povos originários paraibanos

Tarde contou com falas de lideranças de povos tabajara, cariri, potiguara e tapuia-tarairiú, além de lançamento de livro acadêmico
publicado: 19/04/2023 14h42 última modificação: 27/04/2023 11h22

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O Tribunal Pleno do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região) se tornou, por alguns instantes, um espaço de celebração das tradições dos povos originários da Paraíba. O evento Abril Indígena, realizado na tarde da segunda-feira (17), contou em sua abertura com uma performance de toré, dança ritualística típica do povo potiguara, do Litoral Norte, um indicativo de um dos lemas defendidos pela gestão do Regional: nada sobre os indígenas sem os indígenas.

As cadeiras geralmente ocupadas por homens e mulheres vestidos de terno e gravata estavam repletas de estudantes secundaristas, de escolas de João Pessoa e Baía da Tradição, além de representantes dos diversos povos indígenas que se fazem presentes na Paraíba. O púlpito do Tribunal Pleno ficou à disposição deles com o objetivo de amplificar suas vozes e promover reflexões aos servidores e magistrados do TRT-13 que também estavam na plateia. No hall do TRT-13, os artesãos indígenas mostraram aos transeuntes o artesanato produzido por eles em suas comunidades, além das pinturas corporais autorais, típicas de cada povo.

De maneira telepresencial, diretamente do Sertão, a representante do povo Cariri, Takamara Kariri, ressaltou a importância de estar como porta-voz de seu povo no evento. “Nos deram outros nomes para tentar apagar nossa cultura. Negaram a existência do povo cariri em solo paraibano, confundiram propositalmente nossa origem para invalidar nossa presença aqui. Estar hoje conversando com vocês, me reconhecendo enquanto Cariri e paraibana, é um ato político muito importante”, ressaltou Takamara, que também é doutoranda em Educação.

O evento foi conduzido pelos servidores da Assessoria de Projetos Sociais e Promoção dos Direitos Humanos (Aspros), que se revezaram para apresentar diversos momentos da atividade. A coordenadora da Aspros, Jamilly Cunha, aproveitou seus conhecimentos enquanto antropóloga e professora para acrescentar um aspecto importante à discussão. “É preciso ressaltar que os indígenas são nossos povos primeiros, que estavam aqui muito antes de todos os outros. Por conta do processo agressivo de colonização, houve apagamento, morte. Não houve assimilação, pois cultura não se perde, é ressignificada ao longo do tempo”, pontuou.

Em um segundo momento, a representante do povo Tabajara, Jacy Tabajara, enfatiza a necessidade de retomar o protagonismo da própria história. “É necessário se reconectar com o país que somos. Lutamos por uma História que nunca mais seja contada sem nossas vozes. Nada sobre os indígenas sem os indígenas”, defendeu. A religiosidade indígena também foi referenciada, pois o toré, que abriu o evento, é uma dança apresentada em rituais religiosos da fé dos potiguara. “Nossa espiritualidade é a força que nos mantém de pé, mesmo diante de tanto massacre e humilhação impostos pelos colonizadores de nossas terras. É uma luta muito grande, que exige força, não só física, mas de alma”, evidenciou o Pajé Cleiton, do povo Potiguara.

O antropólogo e acadêmico Kapuá Tapuia-Tarairiú é outro representante, assim como os Cariri, de povos que foram historicamente apagados da história da Paraíba. No pleno, mais do que trazer sua experiência acadêmica, Kapuá compartilhou sua luta para colocar o nome dos Tapuia-Tarairiú no mapa dos povos originários da Paraíba

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Análise acadêmica

A tarde contou também com a apresentação do livro “Povos Indígenas, Independência e Muitas Histórias”, que conta com textos das professoras Rita de Cássia Melo Santos, da UFPB, e Mariana Albuquerque Dantas, da UFRPE. Elas trouxeram uma perspectiva acadêmica da história dos povos indígenas, em uma tentativa de se contrapor à movimentação da historiografia oficial.

“Quando começaram as discussões em torno do bicentenário da Declaração da Independência, celebrado em 2022, pensamos em elaborar este livro, que nada mais é que um esforço para ir contra a maré do que se coloca como História oficial. Há uma invisibilização, um apagamento pensado da história dos povos originários, como se eles não fizessem parte da construção da nação brasileira”, pontuou Mariana.

O livro reúne autores de diversas partes do país com o objetivo de fazer um mapeamento com vozes plurais de acadêmicos, do Norte ao Sul do país, apresentando histórias pouco difundidas sobre as mais diversas nações indígenas.

Veja outras fotos do evento de segunda-feira (17):

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#PraTodosVerem: A matéria tem seis imagens. Na primeira foto, crianças e adolescentes indígenas, vestidos com roupas características do povo Potiguara, posam na fachada do edifício-sede do TRT-13. Na segunda imagem, indígenas usando cocares e adereços típicos ocupam o hall de entrada do edifício-sede do Tribunal. Um deles faz pintura corporal no braço de outra indígena. Ao fundo, as penas coloridas dos cocares, predominantemente azuis e brancas, contrastam com as cores quentes dos quadros do artista plástico paraibano Flávio Tavares, que retratam vários representantes de classes trabalhadoras, tanto em contexto urbano quanto rural. Na terceira imagem, indígenas do povo Potiguara fazem a dança ritualística tradicional toré no centro do auditório do Tribunal Pleno. A perspectiva da imagem vem do fundo da sala, com a luz do projetor de imagens irradiando uma luz quente e amarela. Na quarta e quinta imagens, palestra das professoras Mariana Dantas e Rita Santos, que estão sentadas no centro do auditório, cada uma delas com o microfone em mãos nas respectivas fotos. O assessor da Assessoria de Projetos Sociais e Promoção dos Direitos Humanos (Aspros), Humberto Miranda, faz a mediação da conversa. Ele está trajando um terno e calças azuis. Na sexta e última imagem, o presidente do TRT-13, Thiago Andrade, aparece na primeira fileira da plateia ao centro, ao lado de estudantes em idade escolar e representantes de povos indígenas. No púlpito, o pajé Cleiton, do povo Tabajara, aparece de costas discursando. No centro do auditório, a representante do povo Tabajara, Jacy Tabajara, também aparece de costas prestando atenção no que o pajé fala.

André Luiz Maia
Assessoria de Comunicação Social TRT-13