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Abril Verde: desafios da pandemia da Covid-19 e retorno ao trabalho presencial foram debatidos durante seminário

Capacitação foi realizada na quarta-feira (20) de forma telepresencial via Zoom
publicado: 22/04/2022 08h49 última modificação: 25/04/2022 12h54

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Como driblar o medo de retornar ao trabalho presencialmente depois de mais de dois anos de atividades realizadas à distância? Este foi um dos temas debatidos na manhã desta quarta-feira (20) durante o Seminário Abril Verde, promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região) e pelo Programa Trabalho Seguro, por meio da Escola Judicial da 13ª Região (Ejud 13). O evento, realizado na modalidade telepresencial, contou com 91 participantes.

Para debater acerca dos desafios e aprendizados obtidos por causa da pandemia da Covid-19, o professor de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo, Cláudio Marcelo Brunoro, abordou reflexões sobre as dimensões ligadas ao trabalho, que vão desde a econômica até a social e psíquica, e o significado do trabalho, ou seja, a oportunidade de ser útil socialmente, manifestando virtudes, inteligência e criatividade. Dessa forma, o palestrante destacou que o trabalho não se reduz à produtividade, mas engloba, também, a transformação de si mesmo e o desenvolvimento coletivo.

“Neste sentido, é importante pensar sobre a relação entre saúde mental e trabalho e de que forma a organização e conteúdo da atividade, bem como os desafios ou falta deles contribuem para prejudicar ou não a saúde mental do trabalhador. É necessário refletir, também, se a pandemia foi a responsável pela intensificação do processo de trabalho e aumento do esgotamento. Penso que, de alguma forma, a pandemia exacerbou algo que já estava acontecendo no mundo do trabalho e que estava invisível. Outras consequências da pandemia foi o isolamento e a invisibilidade do trabalhador. O trabalho para ser útil precisa ser evidente e reconhecido pelo outro, o que perdemos por causa das atividades remotas”, refletiu.

Por sua vez, o palestrante Laerte Idal Sznelwar, que é professor sênior do departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, comentou sobre um tema que muitos estão enfrentando atualmente: o medo de retornar ao trabalho presencial. Ele enfatizou que, diferentemente dos acidentes de trabalho, que decorrem de uma situação específica, a Covid-19 possui a capacidade de atingir qualquer pessoa e em qualquer lugar, tornando cada pessoa não só uma vítima, mas, também, contaminadora em potencial.

“Uma crise como essa traz a oportunidade de não retornar a algo semelhante, ao dito ‘normal’. Estamos retornando a algo que não é mais o mesmo e que pode e deve ser diferente. Diante disso, existe o medo e a melhor maneira de conjurá-lo é falar sobre experiências, ou seja, conversar. Além disso, um grande problema do retorno é que todas as instituições estão mais voltadas ao resultado, no sentido dos indicadores formais de produtividade, do que à construção de um espaço comum para o retorno ser o melhor possível. É preciso pensar que ambos são importantes para a retomada presencial do trabalho”, argumentou.

Trabalho seguro

O juiz André Machado, que integra o Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho Seguro, afirmou que o seminário foi de extrema importância para chamar a atenção da população para a necessidade de preservar a saúde mental dos trabalhadores neste momento de retorno paulatino das atividades presenciais. “O mês de abril é marcado pela memória das vítimas de acidentes de trabalho em razão da instituição do Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidente de Trabalho, por meio de lei, não podendo ser esquecido o fato de que milhões de trabalhadores, no Brasil e no mundo, adoecem e morrem em seus ambientes de trabalho por falta de observância às normas de saúde e segurança do trabalho”, salientou.

Por sua vez, a juíza Mirella Cahú, uma das gestoras estaduais do Programa Trabalho Seguro na Paraíba, enfatizou a necessidade de se discutir a saúde do trabalho de forma interdisciplinar, de forma a contemplar temas que transbordem as discussões no âmbito jurídico, alcançando áreas como engenharia, medicina e psicologia. “Saúde mental também é trabalho seguro. Quando se pensa em ‘Abril Verde’, já se imagina obra e EPI, mas a saúde no trabalho abarca aspectos de ordem física e mental. A proposta deste debate busca promover reflexões sobre angústias do dia a dia de trabalho e como elaborá-la e a psicologia do trabalho dá esse norte por meio da centralidade do trabalho e de noções como as de convivência, pertencimento e reconhecimento. Entender esses processos é um caminho para o trabalho saudável”, frisou.

Celina Modesto
Assessoria de Comunicação Social TRT-13