Palestra “O trabalho invisível de cuidado” traz reflexões pertinentes no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher

“O que eles chamam de amor, nós chamamos de trabalho não pago”, a frase de Silvia Federici ilustra a temática abordada na palestra promovida pela Escola Judicial do TRT-13, nesta sexta-feira (21), no auditório do Tribunal Pleno. “O trabalho invisível de cuidado”, tese de doutorado da juíza do trabalho do TRT-9 (PR), Ana Paula Sefrin, instigou reflexões em palestra motivada pelo mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher.

A presidente do TRT-13, desembargadora Herminegilda Leite Machado, abriu o evento destacando a relevância do tema discutido. “Apesar de algumas pessoas não darem muito valor, esse tema é muito importante. Tenho certeza que vocês vão sair daqui muito mais enriquecidos, com as mentes muito mais ampliadas e vão ver a conexão que esse tema tem com as nossas vidas. A escola pensou esse curso para o mês de março porque é justamente o mês em que a gente deve reafirmar as nossas lutas e as nossas conquistas”, enfatizou. 

O trabalho invisível de cuidado

O trabalho invisível do cuidado é um termo que diz respeito às atividades diárias essenciais para a manutenção da vida e do bem-estar de todas as pessoas. No entanto, elas não são reconhecidas como trabalho propriamente dito. “E o que é o trabalho de cuidado, afinal de contas? O trabalho de cuidado é um serviço. É uma atividade de serviço que oferece resposta para as necessidades das outras pessoas. É aquilo que a gente faz todo dia sem nem perceber. Isso inclui a criação de filhos, o cuidado com idosos e pessoas com deficiência, as tarefas domésticas e a gestão emocional da família. O trabalho de cuidado é algo que desequilibra as relações e precisa ser trazido para o nosso debate”, explicou a juíza do trabalho Ana Sefrin.

A palestrante destacou a importância da corresponsabilidade e da coletivização num contexto que acaba sobrecarregando as mulheres em virtude da associação da mulher ao espaço doméstico e ao papel de cuidadora. “A responsabilidade pelo cuidado com membros dependentes não pode ser atribuída apenas a um dos sexos, devendo ser compartilhada (corresponsabilidade). E a legislação deve pensar em medidas que possibilitem a conciliação entre tempos de vida e tempos de trabalho. A responsabilidade pelo cuidado não pode ser limitada aos membros da família, mas deve ser compartilhada por toda a sociedade (coletivização), incluindo Estado e empresas”, frisou.

Marlene Nardoto, vice-presidente da Rede de Sororidade da OAB-PB, esteve presente ao evento e elogiou a iniciativa. “O evento foi maravilhoso, é sempre muito importante falar sobre as mulheres, lembrar também que não é só no mês de março, e precisamos sempre reforçar essa pauta. Ainda vivemos numa sociedade patriarcal que mantém os homens com muitos privilégios, enquanto a realidade das mulheres é bem diferente. Então, a palestra foi muito interessante, com tudo muito embasado, com muitos dados, e o conhecimento é a fonte para que a gente consiga acabar com todas essas desigualdades”, comentou Marlene Nardoto.

Palestrante

A magistrada do TRT-9 é autora do livro “O Trabalho Invisível de Cuidado: pobreza de tempo e equidade de gênero”. É doutora e mestre em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e gestora nacional do Projeto Excelências Femininas TST. Integrante da Comissão de Estudos Relativos a Questões de Gênero no Direito Internacional, no Direito Brasileiro, na Sociedade e na Magistratura da Escola Nacional da Magistratura do Trabalho ENAMAT.

Renata Santos
Assessoria de Comunicação Social do TRT-13