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Voz aos invisíveis: integrantes do Ruas que Falam emocionam em apresentação comovente no teatro Ednaldo do Egypto, nesta sexta (6)
Nesta sexta-feira (6), os integrantes do Ruas que Falam, projeto promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região), transbordaram talento e potência no palco do teatro Ednaldo do Egypto, emocionando os presentes com uma apresentação que contou um pouco da dura realidade vivenciada por eles.
“Muitos passam por nós e fazem de conta que não existimos. Nos criticam pela nossa condição social, não pelo que somos, mas pela situação a qual estamos passando naquele momento. A sociedade, muitas vezes, ao invés de nos ajudar, nos critica, nos rejeita e nos discrimina, piorando cada vez mais a nossa situação. Hoje, eu sou agradecida, também a Deus, porque mesmo em situação de rua, conseguimos encontrar órgãos que podem nos ajudar, como o Centro Pop, o Ruartes e o TRT-13”, contou a participante do Ruas que Falam, Carla Roberta, em um dos depoimentos comoventes apresentados na peça.
A professora, diretora e atriz premiada, Letícia Rodrigues, trabalhou na oficina de teatro situações do dia-a-dia dos participantes. A peça apresentada trouxe cenas construídas de uma maneira acessível, sem texto para decorar, e com cada participante expressando seus sentimentos e contando um pouco da sua história de vida. “Esse projeto é um grito! O ruas que falam foi, para mim, um liquidificador de emoções, com vários sentimentos, angústias, momentos, mas o maior de tudo: aprendizados. Fui muito feliz nesses meses com o Ruas que Falam”, enfatizou.
Letícia Rodrigues foi homenageada durante o evento com o troféu dignidade e diversidade, criado para homenagear instituições públicas e pessoas que promovem os direitos humanos. “Esse prêmio é de cada um de vocês. Nós somos pessoas, não somos indigentes. Eu também sou um corpo político, um corpo apontado na rua, um corpo que as pessoas olham dos pés à cabeça”, frisou.
“Cada uma dessas pessoas tem uma história de vida. Umas sofrem com a dependência química, outras com bebida, mas o maior problema dessas pessoas é a invisibilidade, o preconceito, o racismo, a misoginia, a morte das mulheres trans com 35 anos. E esses problemas não são deles, são nossos: das instituições públicas, da sociedade como um todo, então a gente precisa se modificar e modificar a nossa forma de atuação para fazer o que eles solicitaram aqui: um abraço e uma oportunidade”, destacou o presidente do TRT-13, desembargador Thiago Andrade.
Além da presença do presidente Thiago Andrade, o evento contou com a presença de diversas autoridades e parceiros do Projeto: Benicleide Silvestre, da Secretária Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania; Katiana Cavalcante, Coordenadora da Média Complexidade de João Pessoa; Dário Batista, educador social do Centro Pop; professor Erivan Júnior, representante do Instituto Federal da Paraíba (IFPB); Aline Martins, representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest) de João Pessoa; e Vera Lúcia Silva, Diretora de Educação do Senac. Na ocasião, também foram entregues certificados de cursos ofertados pelo Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e Senac.
Outros parceiros do Projeto foram a Central Única das Favelas (CUFA); Senac; Casa Mãe Ternura e Prefeitura Municipal de João Pessoa por meio dos serviços das suas secretarias (Centro pop, Ruartes, Cadúnico, Cadastro Pão e Leite, Inovatec, Projeto Chega Junto, casas de acolhimento institucional, consultório de rua).
O professor de português do IFPB, que ministrou aulas para os participantes do Ruas que Falam e encantou a todos e todas com sua didática leve e divertida, agradeceu a parceria com o TRT-13 e a oportunidade de fazer parte de um projeto tão enriquecedor. “Esse é o papel de uma instituição pública, se voltar para o público de fato, e o IFPB não poderia ficar de fora, como uma instituição de ensino do Estado da Paraíba. Foi uma troca maravilhosa trabalhar com o Ruas que Falam. Tentei levar o conteúdo técnico, mas de uma forma leve para aprender brincando, com música, poesia e interação”, comentou.
Andrezza Ribeiro, assessora da Aspros, finalizou os discursos dividindo com os presentes um pouco do que foi a jornada percorrida no Ruas que Falam. “Como servidora, testemunhei o impacto desse projeto desde o acolhimento realizado com cada participante. Vi olhos antes cansados de desconfiança se iluminarem com a esperança de serem ouvidos. Vi mãos trêmulas encontrarem a segurança de um apoio que nunca conheceram. Vi vidas transformadas pela força de um projeto que não trouxe apenas respostas, mas também a certeza de que a justiça é um direito, não um privilégio”, relatou, comovida, a servidora do TRT-13.
NÚMEROS IMPORTANTES DESTE PROJETO:
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Mais de 100 participantes passaram pelo projeto;
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79 com regularização de documentação;
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79 com certificação nos diversos cursos de formação promovidos, totalizando mais de 200 horas de formação;
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5 participantes inseridos no mercado de trabalho;
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20 passaram por processos de entrevistas;
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20 encaminhados para acolhimento institucional;
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4 encaminhados para tratamento de saúde;
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2 retornaram aos núcleos familiares.
#PraTodosVerem: A matéria possui quatro fotos. A primeira e a segunda fotos mostram os participantes do Ruas que Falam atuando no palco do teatro Ednaldo do Egypto. A terceira foto mostra a professora Letícia Rodrigues recebendo das mãos do presidente do TRT-13 o troféu dignidade e diversidade. A quarta foto mostra todos os presentes reunidos no palco e posando para a câmera.
Renata Santos
Assessoria de Comunicação Social TRT-13