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21/03/2025 13h47
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INFORMATIVO
tRT-13ª rEGIÃO
Comitê Gestor da Igualdade de Gênero
NO TRABALHO
VIOLÊNCIAS
CONTRA
A MULHER
Divisão Sexual do Trabalho
divisão sexual do trabalho ancora-se fortemente na discriminação
Acontra as mulheres. A partir dela, ficam reservadas às mulheres as
atividades da esfera reprodutiva e, aos homens, aquelas relacionadas ao
âmbito produtivo.
No mercado de trabalho, as funções oferecidas às mulheres, muitas
vezes, dizem respeito a tarefas que exigem maior delicadeza, estando
relacionadas a quase uma “vocação” do sexo feminino para realizá-las.
Dessa forma, naturalizaram-se atividades como sendo tipicamente
femininas, como aquelas relacionadas aos cuidados de terceiros e aos
cuidados domésticos. Esses últimos são praticamente invisíveis,
desprestigiados e, muitas vezes, não remunerados. A produção material,
ao contrário, é atribuída aos homens, possui prestígio e poder sociais,
além de ser digna de remuneração.
Apesar de essa divisão ainda se perpetuar na sociedade, as
mulheres vêm conquistando cada vez mais espaços na esfera produtiva.
Entretanto, essa ocupação da esfera pública ainda representa uma
conquista incompleta, uma vez que elas continuam assumindo
praticamente sozinhas as atividades domésticas, o que vem limitando
seu desenvolvimento profissional, implicando em carreiras
descontínuas, salários mais baixos e empregos de menor qualidade.
No âmbito político, por exemplo, embora o percentual de eleitores
mulheres e homens seja praticamente o mesmo, apenas 24% dos
Parlamentos no mundo são ocupados por mulheres e existem apenas
dez chefes de governo mulheres, dentre os 193 Estados-membros das
Nações Unidas.
No ambiente laboral, é comum presenciar certas atitudes agressivas
que decorrem desses preconceitos ainda existentes contra a mulher.
Trataremos de alguns conceitos abaixo, que nos ajudarão a
compreender e identificar tais atitudes.
Preconceitos contra a mulher
nível mundial, a busca pela igualdade de direitos entre mulheres e
Ahomens avançou em algumas áreas. Temos exemplos nas áreas da
educação e da saúde, como a conquista da igualdade nas matrículas de
ambos os sexos no ensino primário e a redução da mortalidade materna
em 45%, desde 1990. Entretanto, ainda há muito o que se alcançar,
especialmente no que se refere à ocupação de espaços de poder pelas
mulheres.
Um estudo recente do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud), lançado em março de 2020, analisou dados de
75 países que abrigam mais de 80% da população global. Segundo essa
pesquisa, cerca de nove em cada dez pessoas (entre homens e
mulheres) apresentam algum tipo de preconceito contra as mulheres. Por
exemplo, quase 50% dos respondentes acreditam que os homens são
líderes políticos melhores, mais de 40% afirmam que eles são executivos
superiores às mulheres e que devem ser preferencialmente empregados
em tempos de crise econômica.
No que se refere à violência doméstica, 28% disseram ser
justificável que um homem agrida fisicamente sua esposa.
A cultura de preconceitos contra a mulher, portanto, ainda é
predominante a nível global e o primeiro passo para transformá-la é
admitir sua existência e estar atento às atitudes que a reproduzem.
Vamos ver como ela se perpetua no trabalho e como podemos contribuir
para alterá-la?
Machismo
O machismo é um conjunto de atitudes, comportamentos e
pensamentos que têm como crença central a superioridade dos homens
em relação às mulheres, enquanto o feminismo busca a igualdade entre
os sexos. Esse pressuposto pode levar a práticas discriminatórias e à
violência de gênero em todas as esferas da sociedade, inclusive no
trabalho, como o assédio sexual. Denunciar atitudes machistas é
essencial para interromper o ciclo de opressão.
“O explica-tudo” ou mansplaining
Termo criado a partir da junção das palavras “man” -
homem e “explaining” – explicando. Trata-se do hábito
de um homem “explicar” a uma mulher algo óbvio,
partindo da suposição de que ela não é capaz de
entender por si mesma ou porque deseja desmerecer
essa mulher diante de outras pessoas. Esse
comportamento é muito observado em reuniões de
trabalho. As mulheres devem sinalizar que estão
sendo alvo da prática e, os homens, prestar atenção
em suas atitudes, pois podem não ter plena
consciência dela, uma vez que o machismo está muito
arraigado nos mais diversos âmbitos da sociedade.
“O intrometido” ou manterrupting
Expressão criada pela união das palavras “man” - homem e
“interrupting” – interrupção. Diz respeito a um comportamento machista
em que um ou mais homens interrompem a fala de uma mulher,
impedindo que ela conclua um raciocínio, uma observação.
Pode ser presenciado em reuniões, palestras, entrevistas, discussões.
Essa prática já foi apontada em audiências no próprio Supremo Tribunal
Federal, quando os ministros homens interrompiam as falas da
Presidente da casa à época, a Ministra Carmen Lúcia. Outro exemplo
pode ser observado a partir de uma pesquisa que constatou que as
julgadoras mulheres da Suprema Corte Estadunidense eram muito mais
interrompidas do que seus pares homens, inclusive pelos advogados do
sexo masculino. É preciso estar atento, especialmente no ambiente de
trabalho, para que todos possam se expressar, sem interrupção
ou menosprezo.
“O ladrão de ideias” ou bropriating
Termo formado a partir da junção de brother - irmão” e apropriating –
apropriação. Trata-se de um homem reproduzir a ideia de uma mulher e
levar o crédito no lugar dela. É comum que esse comportamento
apareça no ambiente laboral, especialmente porque as ideias
expressadas pelas mulheres não costumam receber a mesma
confiança que as dos homens. Decorre de comportamento machista,
uma vez que se considera a mulher como pessoa de capacidade inferior.
É fundamental que seja respeitado o espaço de fala das mulheres,
dando a elas o devido crédito por suas ideias.
“O manipulador” ou gaslighting
A palavra “gaslight” significa a luz do candeeiro a gás e o termo
“gaslighting” faz referência a uma peça de teatro e também a um filme
em que um homem, para ficar com a fortuna de sua esposa, distorcia as
situações para que ela acreditasse que estava louca, utilizando-se,
dentre outros métodos, da luz de um candeeiro. É um tipo de abuso
psicológico, em que o homem manipula a mulher para que ela duvide de
sua sanidade mental e de sua capacidade para lidar com os
acontecimentos de forma equilibrada. A prática é tão grave que não
raramente deixa sequelas psíquicas na vítima.
No ambiente de trabalho, manifesta-se especialmente nos casos de
assédio moral e sexual (cujas vítimas são mulheres, em sua maioria),
em que o assediador procura desqualificar a pessoa agredida, nega o
assédio e culpabiliza a vítima, manipulando as pessoas para que
acreditem que ela estaria louca e interpretando as atitudes do
assediador de forma equivocada. Canais de denúncia institucional e de
apoio às vítimas de assédio são essenciais para combater esse tipo de
violência.
A partir do conhecimento de práticas como essas e da sincera reflexão
sobre nossas próprias atitudes, é possível reduzir e mesmo eliminar as
violências contra a mulher no nosso ambiente de trabalho, contribuindo
para que alcancemos a almejada equidade de gênero em
nossa sociedade.
Fonte:
PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO. O ABC da Violência contra a Mulher noTrabalho. Disponível
em: https://movimentomulher360.com.br/wp-content/uploads/2019/01/cartilha_violenciagenero-11.pdf>.
Acesso em 12 de ago. de 2020.
QUASE 90% das pessoas no mundo têm alguma forma de preconceito contra as mulheres.
PNUD Brasil, 2020. Disponível em:
<https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2019/quase-90--das-pessoas-no-
mundo-tem-alguma-forma-de-preconceito-c0.html>. Acesso em 12 de ago. de 2020.
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SIMÕES, A. P. A.; MELLO, K. A. A discriminação de gênero no ambiente de trabalho: particularidades e
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SOUSA, LUANA PASSOS DE; GUEDES, DYEGGO ROCHA. A desigual divisão sexual do trabalho: um
olhar sobre a última década. Estud. av., São Paulo, v. 30, n. 87, p. 123-139, ago. 2016. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142016000200123&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em 13 de ago. de 2020.
tRT-13ª rEGIÃO
Comitê Gestor da Igualdade de Gênero
Ana Maria Ferreira Madruga
Veruska Santana Souza de Sá
Gianne Soares Sampaio
Catarine Helena Limeira Pimentel
Maria Tereza Pereira Lobo
Lúcio Flávio Nunes da Silva
Assessoria de Comunicação Social
tRT-13ª rEGIÃO
Colaboração:
Assessor: José Vieira Neto
Diagramação: Omar Khayam